A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma patologia causada por um protozoário do gênero Leishmania, que acomete os cães, os quais são considerados, no ciclo urbano de transmissão, os principais reservatórios. No Brasil, a LVC é transmitida através da picada do mosquito pertencente à família dos flebotomídeos, ao gênero Lutzomyia e à espécie Lutzomyia longipalpis. Este vetor é conhecido popularmente, por mosquito-palha, birigui ou tatuquiras e, se constitui no principal vetor brasileiro. O mosquito-palha é um inseto muito pequeno, que costuma se reproduzir em locais com muita matéria orgânica em decomposição (COSTA, 2011)

Após infecção os sintomas podem aparecer de 3 meses a sete anos. Os cães, praticamente, todos desenvolvem doença visceral ou sistêmica, sendo que 90% dos animais também apresentam algum envolvimento cutâneo. Os sinais viscerais mais comuns observados são linfadenopatia, emaciação, sinais possíveis de insuficiência renal (poliúria, polidipsia, vômito), neuralgia, poliartrite, poliomiosite, e outros sinais clínicos; sendo que aproximadamente um terço dos pacientes apresenta febre e esplenomegalia. Dentre os sinais cutâneos podemos citar hiperqueratose, pelagem seca e quebradiça, perda de pelos, e unhas anormalmente longas ou quebradiças, o que se constitui em um achado específico em alguns pacientes, (TILLEY e SMITH JR., 2008).

O diagnóstico clínico da LVC é difícil de ser realizado devido à variedade de sintomas da doença. Além disso, os animais podem permanecer assintomáticos por toda a vida ou desenvolver sintomas após períodos que variam de três meses a alguns anos. Além disso, os achados clínicos são comuns a outras enfermidades, sendo as alterações laboratoriais encontradas no hemograma, ou nos exames de função renal ou hepática inespecíficos (IKEDA-GARCIA e MARCONDES, 2007).

A confirmação do diagnóstico da LVC pode se basear em métodos parasitológicos, sorológicos e moleculares. O diagnóstico sorológico é considerado por alguns autores um teste chave e  se baseia na detecção de anticorpos  (FERRER, 1999 apud IKEDA-GARCIA e MARCONDES, 2007). Estes testes sorológicos podem falhar, por exemplo, em cães infectados no período pré-patente e antes da soroconversão. As técnicas sorológicas recomendadas pelo Ministério da Saúde para o inquérito canino são a imunofluorescência indireta (RIFI) e o Elisa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003).

Segundo Ribeiro (2007), um princípio básico para a prevenção da LVC é evitar o contato entre o vetor infectado e o cão. Dessa forma, medidas contra o vetor devem ser adotadas no ambiente e centradas no cão. As medidas direcionadas aos cães parecem ser as mais adequadas nos grandes centros urbanos. As medidas recomendadas aos proprietários dos cães livres da infecção ou em tratamento, podem ser: (1) uso do colar impregnado com deltametrina 4%, o qual deve ser substituído a cada seis meses; em cães alérgicos ao colar, uso de inseticidas de aplicação tópica à base de permetrina; (2) cuidados de limpeza do ambiente, como retirada de matéria orgânica excessiva; aplicação de inseticidas ambientais centrados nos canis (ambientes em que o animal permanece por mais tempo), como aqueles à base de deltametrina e cipermetrina, em aplicações semestrais; (3) uso de plantas repelentes de insetos, como a citronela; (4) não realização de passeios crespusculares ou noturnos, horários de maior atividade dos flebotomíneos, privilegiando os passeios diurnos.

E se o cão já estiver infectado? Venha e converse com nosso veterinário!!!

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